Fukushima: uma prévia do holocausto nuclear

Originalmente publicado em Holocausto Nuclear – Ameaça Silenciosa

Em 11 de março de 2011 um Tsunami e um terremoto atingiram a costa leste do Japão destruindo os sistemas de refrigeração de 4 dos 6 reatores nucleares existentes em Fukushima Daiichi. Seus engenheiros, 20 anos antes, se afastaram da General Electrics, a empresa que os construíram, por considerarem um absurdo, uma verdadeira bomba relógio, construir reatores nucleares sobre falhas tectônicas em um litoral tradicionalmente assolado por terremotos e tsunamis. Ainda assim, usinas nucleares como estas foram construídas às dezenas.

No entanto, não podemos dizer que reatores nucleares são bombas nucleares. Segundo o ex-embaixadora do Japão na Suíça e no Senegal, Mitsuhei Murata – reatores nucleares são superbombas, contendo centenas de vezes mais combustível nuclear que a quantidade utilizada na construção das bombas de Fukushima e Nagasaki.

Três anos depois os quatro reatores arruinados de Fukushima tiveram seus núcleos perdidos no subterrâneo do Japão. Isso significa que os núcleos derretidos escaparam da câmara de contenção, derreteram o concreto e o aço de seu fundo e mergulharam no solo até cavernas subterrâneas com bolsões de água, tornando-se fonte de contaminação constante do Oceano Pacífico. Além disso, mais de 400 toneladas diárias de água radioativa estão sendo jogadas no Pacífico. O resultado é o maior crime socioambiental da história da humanidade, o assassinato de todo um oceano está em andamento. Notícias da costa da Califórnia e do Canadá, falam de centenas e milhares de criaturas marinhas aparecendo mortas em suas praias. Milhões de peixes e estrelas do mar destruídos pela radiação que se espalha com a maré e demorará centenas, talvez milhares de anos, para se dissipar.

No arquipélago japonês, o cerco midiático justificado num conjunto de leis fascistas de segredo de estado, encobrem a epidemia de câncer e mil e duzentas outras doenças terríveis que afetam parcelas cada vez maiores da população. No leste do Japão, três anos depois, mais de 40% das crianças sofrem de sangramentos e câncer de tirióide. Basta uma contaminação com baixos níveis de radiação para deixar alguém doente. No Japão os índices de radiação são altíssimos. As autoridades omitem informações vitais. As corporações colaboram com desinformação. A segunda maior cidade do mundo, Tóquio, está a aproximadamente 200 quilômetros de distância das usinas, dentro do que seria razoável considerar área de evacuação total. Médicos de Tóquio acompanham a evolução da epidemia de doenças causadas pela radiação e, sem muito alarde, silenciosamente o holocausto nuclear aumenta suas vítimas. Especialistas apontam para a possibilidade de um único desastre de Fukushima, ser suficiente para destruir o Japão em alguns anos. Os produtos japoneses contaminados ou sob o risco de contaminação, são recusados pelas nações que protegem seus cidadãos, diminuindo a arrecadação, as epidemias aumentarão consideravelmente a demanda por saúde, ampliando os gastos do estado com previdência. Esta cadeia de consequências pode fazer com que o estado não consiga mais captar recursos suficientes para lidar com a crise social e ambiental causada pela indústria nuclear.

Existem 433 usinas nucleares em operação do mundo. Mais de 100 novos reatores estão sendo construídos. Cada reator pode contar com centenas de quilos de combustível nuclear.